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A mais emocionante história de amor


A primeira vez que te conheci estavas de um vermelho vivo que te destacava de todos os outros. Num primeiro olhar julguei-te presunçoso e "gabarolas", relatando todas aquelas viagens e lugares que conheceste, as pessoas importantes que ajudaste, como mudaste as suas vidas e de como és importante para todos. Fiquei incomodada com tanta confiança reunida num "coração" tão pequeno, não entendia porquê que todos pareciam mudar quando estavam contigo...

Numa daquelas tardes chuvosas de inverno encontraste-me sentada na sala de leitura do colégio, aborrecida e frustrada com a ausência de luz e calor. Piscaste-me o olho e desafiaste-me a fazer algo diferente para passar o tempo. Na altura deixei a minha brutalidade falar mais alto e no mesmo momento em que te toquei afastei-me . Desconfiava de ti, da forma como cativavas as pessoas, não queria ser manipulada pelas tuas histórias do mundo, queria o mundo como sempre o conheci e as promessas que fazias deram-me o deslumbre de uma monotonia sufocante... Como estava enganada.

Com a tua paciência acabaste por me convencer e numa conversa rápida, daquelas de contracapa, disseste-me que " se na terra houvesse um cantinho onde não murchassem esperanças, seria um jardim-infantil cheio de sorrisos de crianças". Devolvi-te um sorriso e deixei-me levar.

Os dias que se seguiram passaram a voar, falaste-me de tudo, de amor de amizade, da misericórdia, das coisas belas que o mundo tem e dos horrores da guerra, a cada palavra ficava mais envolvida nestas conversas em parágrafos.

Descrevias o mundo com o amor de um pintor,cantavas as melodias com a voz mais cristalina que o Olimpo já ouviu, descrevias os olhares com a profundidade do coração. Estava a amar-te e nem me apercebia, fugia na hora do jantar para estar contigo, sorria e ria as gargalhadas com todas as piadas, por mais parvas que fossem. Embriagava-me o teu cheirinho a biblioteca a suavidade de cada pagina desta historia de amor.

Perdia noção do tempo quando estava contigo, eras o meu amigo para as horas mortas, para as noites de insónia, tristeza...estavas lá sempre, meigo ,sábio, divertido, silencioso, forte e reconfortante...e assim o meu amor por ti crescia a cada pagina.

Naquele final de tarde cheguei da escola e fui sentar-me no baloiço contigo nos braços, "borboletando" por mais histórias, mas estavas diferente,falavas como se estivesses a aproximar da hora da despedida, falavas em finais felizes , em partidas e na concretização dos sonhos... e depois acabaste.

Não me lembro bem quando começou mas senti uma gota salgada e fria cair sobre o teu vermelho vivo, tinhas chegado ao fim e eu sentia um vazio um aperto, queria saber mais, queria o depois que não me contaste,queria saber como estavam depois?

Procurei imaginar onde estarias e para meu desgosto não te encontrava,até que algures na sala de de leitura encontrei um dos teus companheiros de prateleira e procurei nele o conforto e o amor que senti.

A verdade é que cada livro que fui encontrando ali naquela sala de leitura, nos bancos do autocarro ou mesmo em feiras, não te encontrei mas já não te procurava porque estavas comigo amor, o primeiro livro que li...a mais bela história de amor que vivi acompanhava-me e completava-se a cada livro novo, transformei-me num ratinho de biblioteca e depois da descoberta comecei a leva-los para casa. Hoje amor, não sei quantos de ti eu encontrei, quantos resgatei, quantos ofereci, com quantos chorei.

Sei apenas que não te encontrarei nunca ,mas que estarás em todos os livros que lerei , nas historias dos Reis e Rainhas, nas revoluções que carregastes, nas mentes que mudaste e nesta pagina que conta a nossa historia...a mais emocionante história de amor.


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